Fadiga é um sintoma comum em pacientes com dor crônica. Estudos mostram que 64% dos pacientes que sofrem de dor crônica apresentam fadiga. Mas o que é fadiga? Fadiga é aquela sensação de desgaste que vai além do cansaço. É um desgaste físico, mental e psicológico que prejudica muito a qualidade de vida.
Qual o primeiro passo para avaliar a fadiga
Primeiramente, é preciso descartar outras causas de fadiga como anemia, câncer, hipotireoidismo, diabetes, insuficiência cardíaca ou depressão. Além disso, a fadiga também está associada a hábitos de vida como sedentarismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e cigarro.
Por que surge a fadiga?
Em tudo que fazemos no dia-a-dia pesamos a relação de custo-benefício. Pesar custo e benefício é pensar no esforço que faremos e comparar com a recompensa obteremos. Por isso, quando o objetivo é valioso, nos sentimos motivados para fazer determinado esforço. Por outro lado, quando o esforço necessário para alcançar algum objetivo é muito grande, e aonde chegaremos com isso não nos motiva tanto, é natural termos a sensação de fadiga. Portanto, quando temos um objetivo, e esse objetivo realmente nos motiva, passamos a encarar aquele esforço como uma necessidade. Assim nos adaptamos para seguir em frente, custe o que custar.
Como a dor crônica causa fadiga
Um estudo publicado em uma renomada revista científica internacional abordou esse assunto (Clique para ler o artigo original em inglês). Segundo os autores, o balanço entre custo e benefício é afetado na dor crônica de 3 maneiras. Nos pacientes com dor crônica que têm um objetivo ou desejo pelo qual vale a pena fazer um esforço, a dor atrapalha. Superar a dor pode ser muito difícil, aumenta portanto o “custo” e leva à fadiga. Isso acontece também durante o tratamento para dor. Sobretudo a persistência da dor, mesmo com alguns tratamentos, leva o paciente a desistir daquele objetivo inicial.
A segunda maneira é que, devido ao sofrimento com a dor crônica, os pacientes antecipam um maior custo para tudo que vão fazer. Isso automaticamente gera um pensamento negativo. Sendo assim, aquele objetivo passa a não valer muito mais e o custo parece a ser muito maior do que realmente será. Na dor crônica existem mecanismos bem descritos sobre isso, vejas os artigos entendendo a dor crônica e catastrofização da dor.
E a terceira maneira é fruto direto do conceito no qual a dor crônica, ao chegar no cérebro, se “espalha”. A dor afeta áreas que estão envolvidas com o sentimento e o afeto. Em todo o ser humano com dor crônica é assim, não tem como fugir. A liberação de substâncias no cérebro e a ação nessas áreas afetivas podem fazer com que um objetivo passe a não representar tudo aquilo que representava mais. O cérebro de uma certa maneira está cronicamente “cansado” e motivá-lo a ir atrás de um objetivo torna-se muito difícil. O mesmo artigo aponta algumas direções nas quais são necessárias novas pesquisas e investigações nesse assunto.
Como Vencer a fadiga?
Sempre lembrando que uma avaliação médica é essencial. Há doenças como a depressão que necessitam tratamento e medicações para conseguir superar. Antes de tudo, converse com o seu médico.
Ao medirmos o valor de um objetivo, devemos comparar o progresso um dia após o outro. Não devemos comparar o nosso desempenho com outras pessoas. Temos que avaliar a nossa melhora individual dia após dia e como melhorar com pequenos avanços. Para exemplificar, devido à dor você não consegue ir no mercado ou ao shopping. Você pode dividir esse objetivo em partes, primeiro ir até o portão. Amanhã ir até a esquina e assim por adiante. Como resultado, o custo-benefício vai se ajustando. O que não pode acontecer é cair numa espiral de fadiga e antecipação de sofrimento que levem a um lugar no qual o custo é impagável para qualquer benefício.