“Tenho uma protrusão discal, isso é grave?” Essa é uma pergunta frequente no consultório médico. Às vezes, essa é a queixa inicial do paciente no consultório médico. Isto é, quando pergunto o que ele está sentindo, o paciente aponta para a ressonância e diz: “tenho uma protrusão discal”. Bom, é preciso esclarecer alguns pontos.
Primeiro, a ressonância magnética nada mais é do que uma fotografia do nosso corpo. Devemos ter muito cuidado ao interpretar esse exame, assim como qualquer exame. Ao lermos um laudo de ressonância estamos lendo a descrição de um radiologista. O radiologista normalmente lê algumas queixas do paciente no pedido médico, mas não examina o paciente. Ele descreve o que está vendo em termos técnicos. É preciso entender que ter uma protrusão discal não é sinônimo de ter dor.
Protrusão não é causa de dor?
Pode ser sim, mas nem sempre é. Protrusão, extrusão, abaulamento discal ou hérnia de disco sequestrada são termos médicos que o radiologista utiliza para descrever essa fotografia chamada ressonância magnética. São nomes diferentes para classificar os graus de maior degeneração discal. O que diferencia uma protrusão de extrusão ou hérnia sequestrada é o grau com que o disco saiu da sua posição “normal”. Mas vejam que usei normal entre aspas. Degeneração discal é normal, é o esperado.
Degeneração discal
Todos nós vamos envelhecer, é a realidade. Assim como a nossa pele ou nossos cabelos envelhecem, a nossa coluna também envelhece. É um processo normal, a coluna vai sofrendo um desgaste natural, a degeneração. É verdade que hábitos de vida saudáveis, fazer exercícios com orientação e regulares, assim como evitar carregar muito peso contribuem para que a nossa coluna envelheça de uma boa maneira. A genética também influencia bastante nisso. Mas não há saída, com o tempo a nossa coluna, e –portanto- o nosso disco, vão apresentar desgastes. Essa degeneração vai desde à desidratação até abaulamentos e hérnias discais. A fronteira entre o que é uma degeneração esperada pela idade e o que é uma doença não é bem definida. Um paciente sem dor pode apresentar diversas alterações nas ressonâncias magnética.
Protrusão discal e dor
Há sim uma relação entre uma maior degeneração do disco, como uma protrusão, e dor. No entanto, protrusão discal não é o sinônimo de dor. Aos 50 anos, não é esperado que a ressonância seja “normal”. A protrusão demonstra um grau de degeneração maior na qual o disco está mais fraco, “protruindo” em direção ao canal vertebral. Essa protrusão pode ou não provocar sintomas. Se houver uma compressão de um nervo, por exemplo, pode causar dor irradiada para perna. O próprio disco doente pode doer, causando dor lombar “discogênica”.
É necessário passar por um exame clínico para entender a causa da dor. Há outras estruturas como ligamentos, músculos e articulações que também podem ser a origem da dor. Se a dor for na região lombar baixa por exemplo, também pode ser proveniente das articulações sacro-ilíacas. Enquanto o tratamento de uma protrusão discal pode significar uma cirurgia, outras causas de dor podem ser tratadas muito mais facilmente. Então pense bem antes de culpar a protrusão discal. Deixe comentários e sugestões para novos textos sobre o assunto.