O que é neuralgia do trigêmeo?
Neuralgia do trigêmeo é uma doença relativamente comum. No Brasil, cerca de 4-5 em cada 100.000 pessoas têm essa doença. O “trigêmeo” é um nervo que tem como principal função levar a sensibilidade do rosto até o cérebro. A neuralgia do trigêmeo acomete esse nervo causando uma dor muito forte, excruciante. Tanto é que algumas pessoas se referem a essa dor como a “pior dor do mundo”. Normalmente, ela ocorre em apenas um lado da face. Ela corre em pacientes de qualquer idade. No entanto, é mais comum em idosos, pacientes de meia-idade e mulheres.
Como é a dor da neuralgia do trigêmeo?
É uma dor intensa no rosto. Geralmente é um choque que dura poucos segundos, como um relâmpago, mas pode durar minutos. Sendo que ocorrem vários episódios ao dia. Contudo, também pode ocorrer dor em queimação. Geralmente algum “gatilho” como escovar os dentes, beber água ou até mesmo por um vento gelado na região da face desencadeia a dor. Dura alguns segundos e desaparece. Sendo que as crises podem durar semanas ou até meses.
Qual a causa da neuralgia do trigêmeo?
Na neuralgia do trigêmeo é muito comum haver uma artéria comprimindo no nervo. A hipótese mais aceita para explicar a causa da neuralgia do trigêmio é por essa compressão. O contato da artéria com o nervo pode causar uma pequena lesão na camada que reveste o nervo (bainha de mielina), desencadeando assim a dor. Entretanto, algumas doenças que afetam o nervo trigêmeo podem provocar dor parecida. É preciso realizar uma ressonância do cérebro para descartar outras doenças (tumor, malformação, esclerose múltipla). Além disso, o exame também é importante para avaliar essa compressão causada por vasos sanguíneos anormais da região.
Tratamento da neuralgia do trigêmio
O tratamento medicamentoso é a primeira opção. Resolve cerca de 70% dos casos. No entanto, medicamentos para dor como paracetamol, dipirona, tramadol e até mesmo a morfina não têm efeito nesse tipo de dor. Portanto, outro tipo de medicações, para dor do tipo neuropática, são mais efetivas. As medicações mais utilizadas são a carbamazepina, a oxcarbamazepina e a gabapentina.
Se a dor persiste ou o paciente não tolera bem a medicação, há também a opção de realizar alguns procedimentos, cirurgias.
Procedimentos cirúrgicos para tratar neuralgia do trigêmio
Há 2 tipos de tratamentos que requerem uma intervenção. Há os tratamentos menos invasivos (percutâneos) e cirurgia. A desvantagem dos tratamentos menos invasivos é que há uma maior chance de retorno da dor mais precocemente após o procedimento. Os tratamentos menos invasivos mais utilizados são a microcompressão por balão e a lesão por radiofrequência.
Na microcompressão por balão, é colocado um balãozinho exatamento no local onde o nervo trigêmeo sai do crânio. Então insufla-se esse balão por alguns segundos. E o fato dele comprimir o nervo resolve a dor. Já na radiofrequência, ao invés de se colocar um balão, coloca-se um eletrodo de radiofrequência. Esse eletrodo “esquenta” com uma temperatura controlada. A temperatura elevada também causa uma lesão do nervo, melhorando a dor.
Já procedimento de descompressão é mais invasivo pois requer uma cirurgia no cérebro, na região posterior (atrás) da cabeça. Durante essa cirurgia separa-se os vasos que estão em contato com o nervo. Apesar de ser mais invasiva, a cirurgia é o procedimento que tem a maior chance de curar ou manter o paciente sem dor por um tempo prolongado.
Qual o melhor tratamento para cada paciente?
Para finalizar, existem diferentes tratamentos para essa dor. Os resultados são bons quando os tratamentos estão bem indicados. O melhor tratamento depende da idade do paciente e principalmente do que o paciente espera. Por isso, é importante tirar todas as dúvidas. A resposta ao procedimento com balão, por exemplo, é excelente. O paciente sai sem dor após o procedimento. Pode haver um pouco de perda de sensibilidade na face, mas geralmente é passageira. No entanto, é preciso ter cuidado. Só para exemplificar, esse tipo de procedimento em pacientes com dor facial atípica, que não seja neuralgia do trigêmeo, piora a dor. Além disso, uma compressão muito prolongada também pode ocasionar uma lesão no nervo. Nesses casos surge a temida dor por deaferentação. Mas esse já é um tópico para outro artigo.
Mande dúvidas e sugestões para novos textos (contato@leonardofrizon.com.br). Se inscreva para receber novos textos diretamento no seu email.