Neuromatrix da dor
Entender alguns conceitos de dor é importante para alguns pacientes. Não há necessidade do paciente entender com profundidade o que é a neuromatrix da dor. No entanto, ter uma idéia é interessante para melhorar a maneira como o paciente enxerga e conscientiza-se da dor. Esse conhecimento teria algum efeito prático ou terapêutico? É até possível que sim (leia mais). Se você já parou para ler sobre teorias da natureza, por que não parar para ler sobre essa fascinante teoria do mundo da dor? A neuromatriz da dor é uma teoria desenvolvida por Robert Melzack. Veja abaixo um trecho inicial de um trabalho dele publicado há mais de 20 anos. É um artigo com mais de mil citações na literatura médica.
“The neuromatrix theory of pain proposes that pain is a multidimensional experience produced by characteristic “neurosignature” patterns of nerve impulses generated by a widely distributed neural network-the “body-self neuromatrix”-in the brain.”
tradução:
“ A teoria da neuromatriz da dor propõe que a dor é uma experiência multidimensional produzida por padrões característicos de uma “assinatura neural” de impulsos nervosos gerados por uma rede neural amplamente distribuída – a “neuromatriz do nosso próprio corpo” – no cérebro.”
Entendendo a neuromatrix da dor
O que essa teoria propões é que não há uma única área de processamento de dor no cérebro. Quando sentimos dor, ela foi processada no nosso cérebro. Casa indivíduo tem uma matriz diferente para processar a dor. As áreas cerebrais a seguir são as que mais estão relacionadas com o processamento da dor: córtex pré-frontal dorsolateral, ínsula, cortéx cingulado anterior, córtex sensorial primário e suplementar e o tálamo. Isso é demonstrado em estudos científicos com exames de imagem como ressonância funcional por exemplo.
Cada uma dessas áreas interfere, ou seja, modula a dor. Por exemplo, o córtex cingulado anterior tem algumas funções cognitivas como empatia, controle de impulsos e emoções e aprendizado. Portanto, o córtex cingulado anterior vai dar uma resposta emocional, afetiva à dor. Por outro lado, o córtex sensorial vai localizar a dor, deixar você consciente do local da dor e das suas características como queimação, choque. Sendo assim, como cada pessoa tem o seu cérebro, cada pessoa tem a sua própria neuromatrix da dor. Por exemplo, quando você vê um filme, você emociona-se pois consciente ou inconscientemente aquilo que está acontecendo te toca profundamente. No entanto, outra pessoa pode ver o mesmo filme e não se sentir tão emocionado assim. A dor é uma experiência individual.
Aplicando a teoria da neuromatrix da dor na prática
A dor que você sente é a expressão final de um processamento realizado pelo seu cérebro. Portanto, não há apenas um botão de liga ou desliga. Há diversas ramificações que precisamos cuidar. Não adianta pensar apenas do ponto de vista do córtex sensorial e não tratar o córtex do cíngulo. Todos os domínios têm que ser abordados. Do contrário, quando focamos apenas no aspecto psicológico ou apenas no aspecto anatômico, aumentam as chances da dor se tornar crônica e de mais difícil tratamento. O nosso cérebro está em constante evolução, construindo sinapses, conexões. Não queremos deixar que ele consolide um “caminho” de passagem dessa dor que depois seja difícil de destruir.
Diversas áreas aplicam a teoria da neuromatrix da dor nos tratamentos. Os métodos mais modernos e sérios de tratamento, seja na medicina, fisioterapia ou psicologia se desenvolvem com base nessa teoria. Inicialmente parece um pouco complexo, no entanto, esse texto é para dar uma idéia inicial e instigar você a ler mais sobre isso se tiver interesse. Deixe seus comentário e dúvidas. Eu faço novos textos baseado nas dúvidas que vocês deixam aqui.